Sobre a indústria
Dados apresentados pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), mostram sinais de crescimento após dois anos seguidos de recessão. Alguns dos motivos para tal recuperação e otimismo se devem à expectativa de melhora da economia brasileira em 2017 pela redução contínua das taxas de juros, inflação próximo à meta e aumento do índice de confiança do consumidores e empresários.
Sobre a linha de produção, a cadeia têxtil é dividida em 3 segmentos:
Filamentos e fibras
Têxtil
Confecções
Fibras e filamentos - Produção de matéria prima para a indústria:
Tais fibras podem ser de origem vegetal ou animal (algodão, linho, seda e lã). Cerca de 58,7% das fibras consumidas pela indústria são naturais - somente o algodão corresponde a 95% desse consumo. Muitas fibras químicas advêm da petroquímica (náilon, acrílico, poliéster e polipropileno).
Têxtil - Responsáveis pela fabricação dos tecidos ou malhas:
Fiação (25,8%): recebe as fibras das algodoeiras (algodão), das beneficiadoras (outras fibras naturais) e da indústria química e petroquímica (fibras químicas) e produz o fio; Tecelagem (47,0%): recebe o fio das fiações e produz o tecido cru; Malharia (22,7%): recebe o fio de algodão produzido pelas fiações e produz a malha crua; Não Tecidos (4,5%).
Confecções - Transformar as malhas e tecidos em produto para o consumidor:
Vestuário (78,6%): roupas de lazer, esportiva, social, profissional, íntima, moda praia, entre outras; Linha lar (12,7%): cama, mesa e banho, incluindo cortinas e tapetes; Meias e acessórios (3,0%); Outros (5,7%): sacarias, redes, lonas.
Aqui no estado de Pernambuco, o polo têxtil é o segundo maior do país - ficando atrás apenas de São Paulo. O Agreste pernambucano corresponde a 77% da produção de todo o polo sendo:
38,1% de Santa Cruz do Capibaribe
24,1% de Caruaru
14,8% de Toritama
ETE (Estação de Tratamento de Efluentes)
Apesar da grandeza, o polo ainda sofre com escassez de mão-de-obra qualificada e investimentos em softwares e equipamentos para automatizar a produção; porém, tal tipo de investimento demanda valores altos e, consequentemente, alta linha de crédito.
Outra forma de alavancar o setor é reduzir custos de operação. Estima-se que 3000m3 de água são utilizadas diariamente na produção, gerando elevadas quantidades de efluentes muito resistentes à biodegradação que afetam o meio ambiente. Dentre os compostos presentes estão aminas, gomas, graxas, sabões, detergentes, sulfatos, cloretos e, principalmente, corantes que se perdem durante a etapa de lavagem. Para o tratamento pode-se instalar o sistema de lodos ativados com aplicação de sulfato de alumínio Al2(SO4)3, onde a decantação forma o lodo a ser tratado (ou incinerado) e a água limpa, que pode retornar à natureza ou para o reuso na própria indústria (irrigação, lavagem e etc).
Aqui temos uma esquematização da ETE (estação de tratamento de efluentes):
*Vale salientar que os efluentes oriundos de “Refeitórios e sanitários” podem possuir bastante DBO (Demanda bioquímica de oxigênio) e usa-se de tratamento biológico; já os efluentes da produção possuem mais DQO (Demanda química de oxigênio), exigindo tratamento físico-químico. Tratá-los separadamente pode ser mais viável.
GRS (Gerenciamento de Resíduos Sólidos)
A NBR 10004/2004 classifica, em classes, os resíduos sólidos quanto ao potencial risco para o meio ambiente e à saúde afim de melhorar o gerenciamento dos mesmos. É altamente recomendada a realização de um inventário dos resíduos gerados para classificá-los e gerenciá-los para os processos de compostagem, recuperação, reciclagem, reutilização, reaproveitamento energético e destino final adequado conforme determina os parâmetros da ABNT.
Figura 1 - Exemplo de classificação dos resíduos sólidos em uma indústria têxtil.
O lodo gerado também deve ser avaliado. Em caso alta toxicidade, a incineração é descartada devido à dispersão de Dioxinas e Furanos (tóxicos) no ar e pode-se usar o ensaio de inibição do crescimento da Escherichia coli; para baixa toxicidade, a incineração pode ser substituída pelo uso do lodo como aditivo na indústria de cerâmica.
Essas são algumas das muitas formas da aplicabilidade da Engenharia Química para a geração de economia em uma indústria têxtil a partir de seus rejeitos/resíduos.
Fonte: Núcleo Têxtil de Pernambuco e Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit)
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